À MESA COM RUI TATI

Rui Tati é muita coisa, tendo começado nos ares como piloto. No sangue corre-lhe Angola e no coração, que o tem grande, traz uns quantos mais países e a vontade de fazer mais e melhor.

Senhor de uma vontade de ferro, uma visão estratégica e um vasto conhecimento do mundo, são muitas as áreas de negócio e os países em que opera. E porque cada vez que estou com ele aprendo sempre umas quantas coisas mais, levámos o Rui Tati à mesa para uma conversa intimista sobre trilhos percorridos, lições aprendidas e caminhos para o futuro da grande Nação que lhe corre no sangue.

Gerir & Liderar (G&L): A sua vida passa por muitos países, empresas e profissões. Um piloto que nasce em Angola e que vive hoje entre Angola e a África do Sul, com passagens frequentes por Portugal, pela Espanha, Alemanha e pelos EUA. O que destaca destes diferentes mercados como boas práticas a replicar?

Rui Tati (RT): Trata-se de mundos distintos, cada um com métodos diferentes de viver e trabalhar, qualidades e dificuldades igualmente diferentes. Contudo, têm em comum o rigor, a organização, o respeito pelo trabalho, o querer fazer bem, e a necessidade de quererem ser melhores naquilo que fazem.

G&L: O que difere no way of doing business em cada um deles?

RT: As diferenças culturais, geográficas, educacionais criam, por isso, disparidades. Contudo, todos têm em comum o querer concretizar os seus objetivos a curto/médio prazo, com excelência. A competitividade é grande, as estratégias são diferentes, mas o desfecho final é o mesmo.

G&L: Foi Diretor Comercial da Escom Imobiliaria. Como vê hoje o investimento privado no país? Continua a ser um país em que vale a pena investir? E em que setores?

RT: Presentemente investir é por si só um risco, porque existe sempre incerteza. Investir nos dias de hoje, em qualquer parte do mundo, é sinónimo de um Grande Risco. E para investir em Angola nesta fase é preciso muita coragem, determinação e VISÃO DE FUTURO. Investir em Angola é dispendioso e o recurso à banca nunca foi fácil. Presentemente é caro e quase impossível. Mas Angola é uma potência e assim continuará a ser. Tem inúmeros recursos naturais por explorar que poucos pontos no globo têm. Uma das minhas maiores motivações continua a ser convencer potenciais amigos e parceiros por este mundo fora a investir, a nível da indústria e da agricultura, em Angola. O recurso à importação nunca foi sustentável e os resultados são atualmente visíveis. Precisamos com urgência de alterar o modelo e sair do trading para a produção local.

G&L: Foi um dos membros fundadores da General Electrics – GLS OIL & GAS ANGOLA. Quais as principais lições aprendidas?

RT: A maior lição foi, sem sombra de dúvidas, que pequenos com poucos recursos podem efetuar parcerias com gigantes e impor, com trabalho e eficiência, a transferência de tecnologia e know-how para benefício a longo prazo a favor da entidade mais pequena. A competência é determinante para dar seguimento com qualidade aos projetos traçados. É importante que haja sempre confiança e persistência, para empresas de grande dimensão (como a GE) acreditarem nas empresas angolanas e pequenas.

G&L: É hoje consultor independente de projetos de interesse. O que considera hoje ser interessante?

RT: São interessantes inúmeros projetos que vou, felizmente, tendo oportunidade de conhecer. Projetos industriais (pequena e média indústria), IT, Saúde, Hotelaria, entre outros.

G&L: Por onde passa o futuro próximo de Angola?

RT: Passa por acreditar na juventude, no jovem investidor angolano. Acreditar no seu trabalho, no tempo e força de vontade que despende. Acreditar no querer fazer bem e melhor, acreditar na intenção de querer uma Angola melhor, mais dinâmica, mais forte e, acima de tudo, mais rica em educação, trabalho e competência.

14 de Janeiro de 2016 – Gerir & Liderar

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